Em artigo dos professores/historiadores Samio Cassio, Albione Souza, Alexandre Ferreira, Paulo Roberto e Heloisa Helena, vem à tona a trajetória de um dos grandes nomes do futebol da região de Ipiaú.
Jorge Pato marcou época e seu estilo de jogar poderia pelo qualificado como um atleta de renome nacional.
Confira:
Antes de analisar a respeito da vida do pesquisado, destacamos que a região sul-baiana, durante as décadas de 1930, aos finais dos anos 1980, tem no município de Ipiaú e nas demais localidades do sul do Estado da Bahia um período de destaque econômico em decorrências das riquezas advindas da lavoura cacaueira, portanto, os investimentos, com infraestruturas permitiam que alguns times locais possuíssem sedes próprias, por exemplo, Temão e o Independente Esporte Cultura.
Não à toa, mesmo sendo equipes amadores, suas estruturas eram consideradas superiores a muitas equipes profissionais que disputavam o Campeonato Baiano de Futebol.
Jorge Oliveira Santana foi atravessado por marcadores interseccionais, ocorrências corriqueiras em relação às pessoas pretas, indígenas e pardas no Brasil. De acordo, com os relatos dos familiares Jorge Oliveira Santana, nasceu no Centro-Sul Baiano em Itapetinga-BA, em 31 de agosto de 1957. Ele foi registrado pelos seus país, Bispo Florêncio Santana e Albertina Alves Oliveira.
Jorge Santana foi casado com a senhora Solange, o casal teve uma filha Isangela Alves Santana Brandao e um filho Isaac Alves Santana. Jorge Oliveira, faleceu precocemente aos 40 anos, às 4:55 horas da madrugada do dia 25 de janeiro de 1998, em Feira de Santana-BA.
JORGE PATO
Nos levantamentos de dados concedidos por seus ex-companheiros de Seleção de Ipiaú, campeã do Campeonato Intermunicipal de 1977, vencendo a Seleção de Cachoeira por 1x 0, com 1 gol de Boca de Pia. No ano seguinte, em 1978, a Seleção de Ipiaú sagrou-se vice-campeã do intermunicipal. Vale pontuar, que o intermunicipal é considerado o maior campeonato amador do Brasil e do mundo.
Seleção de Ipiaú campeã do Intermunicipal de 1977. O time titular na partida final foi composto por Roberto, Litinho (Carlinhos, Pedrito, Sapatão, Boca de Pia, João Velho, Dadá, Jorge Pato, César Vei e Gagé, tendo Chinezinho como treinador e Cachinguelê como massagista. Jorge Pato aparece na foto sentado, sento o segundo da esquerda para a direita com faixa e camisa verde.
RELATOS ORAIS:
Segundo relato verbal do nosso entrevistado, que atribuirmos o pseudônimo de “Radialista”, afirma que:
Após a fundação o Temão tomou proporções de um grande time na região, disputando vários campeonatos, inclusive da Federação Baiana. Fernando um dos fundadores não pensou duas vezes e pediu que eu fosse em busca de Jorge para jogar no time. Fui acompanhado do amigo Paulo Roberto em busca de Pato, que após reverem seus amigos, fez jogo duro para poder retornar pois ele se encontrava em casa tomando cerveja e fazendo churrasco com os amigos e tinha uma dívida também que foi passada para Orlindo, mas não sabia ele que Orlindo estava munido de um limite de um cheque em branco prá trazê-lo de qualquer forma.
Resolvido o problema, o mesmo aceitou e retornou a cidade de Ipiaú. Chegou numa sexta, treinou e foi um dos destaques no coletivo. Os diretores do Temão conseguiram inscrever Jorge Pato em tempo recorde e no domingo o mesmo estreou no time de Ipiaú venceu por 2 x 0 e pato marcou os 2 gols da vitória, que se repetia no outro jogo na cidade de Ilhéus.
Elenco da equipe do Temão. Em pé: Carlinos, Zequinha, Quipa, Ral, Roberto, Wilson. Agachados: Ivo, Jorge Pato, Japonês, César e Dadá.
Um dos seus companheiros, o que o chamaremos de Lateral, fazendo uso de suas memórias, em sua narrativa tratando da performance futebolística de Jorge Pato, afirmou:
[…] A gente conheceu Jorge Pato, aqui no time do Temão, ele jogou na seleção de Itapetinga, veio aqui jogar em Ipiaú, venceu a nossa seleção por dois a zero, sendo os dois gols dele. Iria começar o campeonato da cidade, aí Fernando o viu jogando e, mandou Orlindo buscar ele em Itambé, do tempo que eu, joguei bola; nunca vi um centroavante igual a ele. Pensa em um cara ruim de ser marcado? Tinha uma habilidade, que eu nuca vi um jogador igual a ele, eu falava meu bicho está ali nos pés de Jorge Pato, quando Orlindo trouxe ele, o primeiro jogo que ele jogou foi contra o Ipiaú, foram convocados 11 jogadores do Temão para seleção: Fernando, Roberto, Litinho, Carlinhos, Kipá, Ral, Dadá, Japonês, Jorge Pato, Cesar etc. Fomos campão em 1977 e vice em 1978 do intermunicipal, ele foi o melhor jogador e artilheiro por duas vezes do campeonato.
[…] também jogamos na seleção de Gongogi, foi a melhor seleção da história de Congogi 1985. A seleção base era Reberto, Carlinhos, Clovis, Carlinhos de (Barra do Rocha), Litinho, Zé Paulo, Pinguim, Cesar, Jorge Pato, Leninho e eu, Jorge Pato era diferenciado, se ele chegasse pra você e falasse não se preocupa não, que vou ganhar o jogo pra você. Orlindo Cansou de pegar ele no clube nas festas três horas da manhã, e dizia vamos Pato pra casa dormir, ele falava não se preocupe não, que vou ganhar o jogo pra você; ele chegava no estádio ficava embaixo do chuveiro ia para o jogo, e dizia não se preocupem que vou ganhar o jogo, se você visse o cara jogando, depois de tomar uma, diria esse cara é de outro planeta.
QUARTO ZAGUEIRO:
Primeiro é um prazer falar de Jorge Pato e, foi um prazer ter jogado com ele. Jorge Pato, foi um jogador fora da linha. As pessoas podem até pensar que sou nostálgico no momento. Jorge Pato, foi o centroavante mais completo que eu vi jogar, ele puxava a responsabilidade e, quando provocado, para jogar ele dava conta do recado. O que mais chamou minha atenção, foi quando eu estava com a idade entre 19 e 20 anos de idade, um certo dia depois de um treino da seleção, fui levando para um determinado lugar pelos boleiros, eles queriam que eu bebesse. Porém, Jorge pato proibiu, isso marcou muito minha vida. Ele achava que eu não poderia beber e, sim, jogar bola. Nos tempos de hoje ele poderia ser comparado a Neymar entre outros. Joguei no ADJ, Atlanta, Poções, Pirassununga e Teófilo Otoni em Minas Gerais, nenhum dos jogadores que eu joguei, tanto a favor ou contra foi igual a ele. Jorge Pato foi um jogador de alto nível. No intermunicipal de 1984, ele foi o vice-artilheiro do campeonato, naquele ano foram mais de cem seleções disputando aquele certame (informação verbal).
RADIALISTA”, RELATA QUE:
Diante de toda a sua elegância, maestria dentro de campo, Jorge Pato foi ganhando olhares de times da região e até mesmo do Brasil, ele atuou pela equipe do Fluminense de Feira, atuou poucas partidas pois recebeu propostas do Sergipe e o time de feira não o liberou, por isso, ele saiu e retornou para Ipiaú. Jorge viveu a melhor fase de sua trajetória no futebol de Ipiaú no ano de 1977, ano este que foi campeão por Ipiaú, ano que ficou marcado com a vinda do Flamengo do Rio de Janeiro para enfaixar os campeões amadores de Ipiaú, neste jogo o flamengo venceu o selecionado de Ipiaú por 4×1 e Jorge Pato foi um dos melhores em campo pelo time de Ipiaú, chamando atenção do treinador Joubert que o queria levar para o time carioca.
“VBO”, nos relatou que:
Jorge Pato foi um jogador de uma enorme grandeza, era um bom centroavante, que enfrentava qualquer coisa. Rapaz, ele era destemido, não tinha medo de ninguém. O que eu sei de Jorge é que ele pegou um pato ali no cinquentenário e levou para a sede da seleção, chegando lá Jaime cobrinha o fez devolver o pato, mas o pato estava estragado. Fui passando, me chamaram e perguntaram se eu queria aprontar o pato e eu disse que sim, como eu caçava gato eu aprontei o gato e comi o pato. Eles foram pra um lugar beber cachaça e estavam se gabando por ter comido um pato gostoso danado, e eu disse a eles, que comeram o gato por pato. De todos os centroavantes que eu vi jogando aqui em Ipiaú, os melhores foram Jorge Pato e Jorge Campos, mas Jorge Pato foi melhor que Jorge Campos, ele jogou no Temão e no Ipiaú, a seleção de 1977 era de nível dez.
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