É bem difícil ficar inteiramente sem tomar conhecimento da existência de uma telenovela. Mesmo sabendo que os dramas televisivos de hoje tenham perdido a maior parte da audiência do passado, graças a chegada das redes sociais e o cada vez mais frequente vício do smartphone, uma novela ainda consegue prender a atenção de muita gente, especialmente das gerações mais idosas.
A teledramaturgia nunca deve ser censurada mas precisa e deve ser observada com olhar crítico pelo público. Muitas novelas parecem ser protagonizadas em mundos alienígenas. Quem liga a TV para ver, por exemplo, a novela das oito “Segundo Sol” ( cujo roteiro mostra supostamente uma trama retratada na Bahia ), não poderia passar batido ao fato de que a maior parte do elenco é formado por atores brancos. Mas como assim, uma Bahia branca?
O estado é, conforme o IBGE, o que tem a maior população afro descendente do Brasil, correspondendo a oitenta por cento do total. Salvador é considerada a metrópole com maior número de descendentes africanos no mundo, oriundos da Nigéria, Benin e Gana. Não por acaso, a capital já foi chamada de “Roma Negra”.
Para a direção da trama televisiva, entretanto, a ideia parece ser a de mostrar ao mundo que a Bahia é habitada em sua maioria por netos de europeus falando português com sotaque da terra do axé. Com exceção de alguns atores negros, a maioria do elenco é formada por brancos, como se a negritude fosse minoria no estado.
A serviço de qual interesse se tenta tapar o sol com a peneira? Não se trata de pregar racismo ao contrário mas é sempre ordem do dia denunciar racismo para não deixar que se perpetue como fato normal, afinal é crime.
Aliás, esse procedimento na TV brasileira é prática recorrente desde o anos sessenta. Já tínhamos falado nisso antes em um artigo mais detalhado ( relembre ) mas considero importante deixar novamente o registro.
Ipiaú Online / Celso Rommel
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