
Há cinco meses, a empregada doméstica Lorena Santana Araújo, de 35 anos, viu o grande sonho da vida se transformar em um terrível pesadelo. Em outubro do ano passado, ao tentar comprar a tão desejada casa própria para morar com o filho, de 3 anos, sofreu um duro golpe.
Lorena conta que, no início do mês de outubro de 2024, viu um anúncio da venda de uma residência no OLX – aplicativo de vendas e compras online -, e resolveu procurar a NewCred Consultoria e Soluções Financeiras para ajudá-la na transação comercial. Contudo, depois de algumas conversas por telefone, de assinar um contrato e pagar um boleto no valor de R$ 16,5 mil, notou que tinha caído em uma suposta fraude.
O valor, única economia da trabalhadora, foi adquirido após a venda de bens, durante separação matrimonial. “Dezesseis mil não é lixo, não. Dezesseis mil reais, quem tem esse dinheiro? Era o dinheiro que eu tinha, o único dinheiro que eu tinha para poder entrar na casa”, lamentou, desolada, a mulher.
Ela lembra que o documento foi pago no dia 18 de dezembro, quase dois meses depois do início das negociações, no escritório da empresa no Edifício Empresarial WN, na Avenida Antônio Carlos Magalhães, no Parque Bela Vista, em Salvador. Segundo a trabalhadora, todo o processo foi conduzido por uma mulher identificada como Jamile Paranhos, que seria agente imobiliária da NewCred. Lorena diz que, após a quitação do boleto, não conseguiu mais falar com a tal funcionária.
“Fui lá só no dia de pagar. Antes, só tinha conversado com ela [Jamile] por telefone. Já tinha até escolhido uma casa em Sussuarana. Minha mãe mora lá, queria ficar perto dela. Depois que assinei o contrato e paguei, disseram que um corretor me procuraria. Até hoje, espero. Quando fiquei perguntando pelo corretor, ela [Jamile] não me atendeu mais”, revelou a empregada doméstica.
Depois de diversas tentativas de reaver o dinheiro investido e sem saber mais o que fazer para resolver o problema, Lorena decidiu que era o momento de procurar ajuda. Então, em 30 de janeiro deste ano, foi à 6ª Delegacia Territorial de Brotas para registrar uma ocorrência policial. Até a noite desta quarta-feira, 12, ela ainda aguardava retorno da polícia judiciária.
A reportagem procurou a NewCred através de alguns números de celulares fornecidos por Lorena e os quais ela conversava com Jamile, no entanto, não conseguiu contato.
No contrato assinado pela empregada doméstica, Jamile e uma outra mulher identificada como Carla C. M. Silva, figuram como testemunhas. Os CPF’s informados por elas no documento não constam no banco de dados da Receita Federal, assim como o CNPJ que aparece no carimbo do contrato como sendo da empresa. As numerações estão como inexistentes.
A reportagem descobriu que existe uma microempresa com a mesma razão social da que Lorena negociou e que, surpreendentemente, funciona no mesmo endereço e tem o CNPJ semelhante ao usado na suposta fraude. No empreendimento fundado, em 28 de junho de 2022, e que está em situação ativa, o CNPJ tem apenas um dígito diferente do registrado no contrato assinado pela trabalhadora. O Portal A TARDE também tentou contato com esta empresa, por meio de um número de celular, mas não conseguiu retorno.
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