Lula se emociona ao falar sobre internamento: “Nunca penso que vou morrer, mas tenho medo”

Foto: Ricardo Stuckert/ Presidência da República

O presidente Lula (PT) se emocionou ao falar de sua internação para fazer uma cirurgia de emergência após sangramento intracraniano. Ele recebeu alta hospitalar neste domingo (15).

“Nunca penso que vou morrer, mas tenho medo”, afirmou o presidente, que também agradeceu a Deus e disse ter ficado assustado com a urgência da cirurgia após sintomas relacionados a uma queda no banheiro ocorrida em outubro deste ano.

Lula saiu do hospital e foi para sua casa em São Paulo. Ele deverá ficar na cidade até quinta-feira, quando fará uma tomografia. Depois disso, poderá ir para Brasília.

O petista disse que estava cortando as unhas das mãos quando caiu e se machucou.

“A única surpresa que eu tive é que eu achei que estava curado [depois da queda de outubro]”. Lula afirmou que, por isso, continuou a vida normalmente, inclusive fazendo exercícios físicos mais intensos.

Ele relatou, entretanto, que percebeu haver algo de errado quando, na segunda-feira (9), percebeu sintomas como lentidão, olhos vermelhos e muito sono. Em seguida, disse ter entrado em contato com os médicos para falar do quadro.

“Eu só fui ter noção da gravidade já depois da cirurgia pronta, depois da cabeça estar nova”, afirmou, dizendo que vai se cuidar e seguir as orientações médicas nos próximos dias.

“Vocês sabem que eu reivindico o direito de viver até 120 anos, porque quem vai viver 120 anos já nasceu, e eu acho que eu tenho o direito de reivindicar que seja eu”, brincou.

Lula foi internado para realizar uma cirurgia de emergência na terça-feira (10) em razão de um hematoma de três centímetros detectado entre o cérebro e uma das membranas (meninges) que envolvem o órgão.

Ele havia sentido fortes dores de cabeça na segunda-feira (9), quando foi encaminhado para o hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Depois da cirurgia, Lula foi submetido a uma embolização, procedimento para reduzir o risco de novo sangramento intracraniano. Segundo o cardiologista Roberto Kalil, médico do petista, o procedimento foi um sucesso e não muda nada na recuperação do presidente.

A embolização das artérias meníngeas —que irrigam as meninges, membranas que revestem o sistema nervoso central— tem objetivo de interromper o fluxo de sangue em direção à cápsula formada pelo hematoma intracraniano.

Estudo publicado no mês passado na revista científica New England of Medicine mostra que a recorrência de sangramento em pacientes submetidos a uma cirurgia como a de Lula foi de 9%, enquanto entre aqueles operados e, depois, embolizados, foi de 3%. Pesquisas anteriores mostraram diferenças ainda maiores —de 11% para 3%.

 

Ana Gabriela Oliveira Lima, Folhapress


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