Em coletiva nesta manhã, as autoridades policiais esclareceram que os militares mantinham laços com uma facção criminosa com atuação em todo estado baiano, mas sobretudo na capital baiana. Os suspeitos repassavam munições e armas que eram apreendidas durante abordagens em todo o estado. O material não era apresentado às instituições de segurança.
No mercado paralelo, essas armas eram vendidas acima do valor. A PF acredita que, por mês, eram vendidas 20 armas. No mesmo período, 10 mil munições eram comercializadas.
Um dos capitães é Mauro das Neves Grunfeld, ele foi subcomandante da 41ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM). O militar foi afastado do trabalho operacional devido a suspeita de envolvimento com a criminalidade. Atualmente, trabalhava de forma administrativa no Instituto de Ensino e Pesquisa da PM-BA. Também foi alvo da operação um ex-policial militar demitido da corporação em janeiro deste ano por suspeita de participação em crimes.
A PF investiga os agentes há cerca de um ano, mas os suspeitos cometeram os crimes há pelo menos seis anos. Em Salvador, os mandados foram cumpridos em bairros como Graça, Pirajá e Lobato.
De acordo com Rodrigo Motta, delegado Regional de Polícia Judiciária da Polícia Federal na Bahia, a Fogo Amigo é um desdobramento de uma operação ocorrida em Juazeiro (BA), também deflagrada pela PF, em conjunto com outras forças policiais.
“Dessa operação conseguimos mais elementos, demonstrando que existia uma organização criminosa maior por trás daquele tráfico de armas local. E a partir daí foi iniciada uma nova investigação que resultou justamente nesse resultado [Operação Fogo Amigo]. Foram denúncias e informações na época que tinha uma facção criminosa que estava se instalando, que tinha se instalado em Juazeiro e que estaria recebendo armas e munições para cometer delitos graves lá na região, principalmente, homicídios”, disse a autoridade policial.
A Justiça bloqueou R$ 10 milhões dos investigados e suspendeu atividade econômica de três lojas que comercializavam material bélico de forma irregular. Durante a deflagração da operação, o Exército Brasileiro realizou fiscalização em outras lojas que comercializam armas, munições e acessórios controlados nos municípios de Juazeiro/BA e Petrolina/PE.
Os investigados responderão pelos crimes de organização criminosa, comercialização ilegal de armas e munições, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, cujas as penas somadas podem chegar a 35 anos de reclusão.
A operação foi deflagrada pela Polícia Federal, em ação integrada com o GAECO Norte do MP/BA, e com o apoio da CIPE-CAATINGA, BEPI (PM/PE); CORE-Polícia Civil da Bahia; GAECO/PE; FORCE/COGER; CORREG (Polícia Militar da Bahia e de Pernambuco); e Exército Brasileiro.
Desde as primeiras horas da manhã, cerca de 325 Policiais Federais, grupos táticos da PF/BA, PM/BA, PM/PE, PC/BA GAECO/BA, GAECO/PE e Exército, cumprem 20 mandados de prisão preventiva e 33 mandados de busca e apreensão nos Estados da Bahia, Pernambuco e Alagoas.
O nome da ação faz alusão ao fato de que os policiais integrantes da organização criminosa vendem armas e munições de forma ilegal para criminosos faccionados e que acabam sendo utilizadas contras os próprios órgãos de segurança pública.
Delegado da PF revela como foi descoberta ligação de PMs com facções na Bahia para venda de armas.
Bnews
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