Eraldo Gomes Ribeiro, um dos pioneiros do comércio no bairro Euclides Neto, no próximo mês completará 88 anos.
Ele é filho de Vitor Soares Ribeiro e da senhora Maria Gomes de Lemos.
“Seu Borges”, como é conhecido carinhosamente pela população local, nasceu na zona rural de Ipiaú, na região do Bom Sem Farinha.
Ele começou trabalhar ainda criança na pequena propriedade rural da família, na região citada anteriormente. Quase não viveu as experiências da infância.
Ele é casado há 60 anos com dona Eliudes Souza Santos, o enlace matrimonial foi realizado na matriz de Jitaúna-BA, o casal tem quatro filhos e quatro filhas, com o o total de oito pessoas. são eles/as: Elenice, Eleilda, Paulo, Edielson, Ednaldo, Eleieton, Maria e Elenildes e, do mesmo modo, o casal tem vários netos e bisnetos. Pontuando que caracteristicamente a família possui traços étnicos negros/indígenas.”
A memória, como propriedade de conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa como passadas” (LE GOFF, 1990, p. 366).
Seu Borges, trabalha há 55 anos em sua mercearia, até o presente momento dessa escrita, em suas narrativas ele, pontua que: “houve uma evolução para melhor, mas antes grande parte dos gêneros alimentícios, ovos, café, açúcar, pães, óleo, farinha, bolachas fofa e de coco eram embrulhadas em papel escuro etc. Porém, hoje em dia os alimentos são industrializados e ensacados melhorando a vida dos clientes”.
“Quando eu vim da zona rural, da região do Bom sem farinha, O bairro Novo estava no início do processo de desenvolvimento, tinha 4 anos de fundação, havia poucos comerciantes na localidade, o primeiro que eu tenho lembranças era seu Uilson, ele vendia fato e outras mercadorias. Seguidamente ele me alugou o ponto comercial, pouco tempo depois comprei um terreno e construí minha casa e meu comércio no qual estou até o dia de hoje com parte da minha família. outros comerciantes antigos do bairro, foram Guilherme, Durval, Alcides e Gordo todos (in memoriam)”.
“Quando eu cheguei no bairro novo tinha poucas casas, tinha muito mato e chovia muito. A igreja São José, o colégio Agostinho Pinheiro e o jardim não existiam nesse tempo. A atual igreja de São José, era uma pequena capelinha que pertencia a Matriz de São Roque”.
“A comunidade da paroquia São José Operário foi crescendo, e com isso surgiu a ideia de não ser só uma comunidade, mas, tornar a igreja em uma paróquia também, o Bairro Euclides Neto por ser um dos maiores da cidade, ficava distante da paroquia por isso surgiu a ideia de obter seu lugar para evangelizar as pessoas, desse modo, deu início a construção da igreja, (hoje paróquia de São José Operário de Ipiaú-BA)”.
RELATOS SOBRE A CONTRUÇÃO DA IGREJA SÃO JOSÉ OPRERÁRIO
Sua construção foi resultado da união e amor de padres, freiras e fieis da comunidade. O local era uma pequena comunidade eclesiástica à qual era erguida com lonas e taipa, a população local se uniram contribuindo e doando materiais de construção para erguer a igreja, pessoas que trabalharam desde o início foram: dona Filinha mãe de Jajai, Anísio Cardoso, seu Pedrinho, seu Agripino, Dona Maria Vieira, a professora Carmem e Eloisa juntamente com a Escola Sagrada Família e tantos outros foram os pioneiros da criação da paroquia de São José, também teve a contribuição dos Ex-prefeito Euclides Neto, José Motta Fernandes e Denise, filha de Euclides, foi ela quem fez a planta da igreja.
Relatos de um morador do bairro Euclides Neto/ São José Operário
“Na minha infância o comércio do nosso bairro era menor, naquela época tinham poucas vendas na localidade, os outros comerciantes eram Guilherme, Alcides, Durval, Gordo, Osvaldo e o senhor Manuel tinham seus comércios próximos a Praça Amâncio Felix, pontuo que no imaginário de nós moradores do Bairro Euclides Neto e São José Operário fazem parte do mesmo espaço, ou seja, não há” diferença”.
Era na venda de seu Borges que nós íamos, para comprar vários gêneros alimentícios, exemplo, farinha, doces, bolachas de coco e fofa e óleo a retalho. Por algum tempo também comprávamos querosene lá em sua venda, pois a área que corresponde hoje em dia ao bairro São José (antiga invasão), ainda não havia iluminação pública.
Tenho boas lembranças de seu Borges dessa época, ele sempre tratou as crianças com afetividade, carinho e respeito, ele brincava muito comigo quando eu passava em frente ao seu estabelecimento comercial.
O bairro Euclides Neto, é o maior, e mais populoso do município. Hoje em dia, temos aqui vários estabelecimentos comerciais e religiosos, exemplo, as igrejas evangélicas, terreiros de candomblé, mercadinhos, padaria e uma farmácia, lojinhas de roupas e a agencia do INSS e um posto de saúde, colégios etc.
RELATOS NA INTEGRA DO FACEBOOK
Manoel Paschoal Arcanjo
“Meu nome é Paschoal fui fundador e proprietário da Padaria Trigo Rey em Ipiaú por quase 30 anos, quando encerrei as atividades em 2001.
Só para informar que o Sr, Borges é um velho amigo e foi durante muito tempo meu cliente, digo freguês, pois era nosso revendedor de pães em sua vendinha no barro. Todos os dias supríamos de pães pela manhã e à tarde. Seu Borges era uma pessoa simples, honesto correto em seus negócios e cumpridor de suas obrigações financeiras.
Sempre usava sua camisa aberta ao peito, chovesse ou fizesse sol. Acho que ele já mandava fazer as camisas sem botão. Foi um grande prazer saber que o Seu Borges ainda está entre nós e gozando de boa saúde. Espero que continue assim”.
Mônica Silva
“Parabéns pela iniciativa…a venda do seu Borges conseguiu sobreviver a várias gerações em Ipiaú, vendo essa história nos remete a nossa infância, quando andamos despreocupados pelo Bairro Novo”.
Elizabete Santos
“Nossa… uma pessoa maravilhosa que fez parte da minha infância, e eu sempre estava na venda comprando doces, boas lembranças”.
Ednaldo Ribeiro
“Gratidão a Deus pela vida do meu pai esse homem de pequena estatura como Davi mas um grande guerreiro de Deus, que vem vencendo os Golias da vida esse grande personagem, e que Deus continue abençoando esse grande autor da história Samio Cassio Deus continue abençoando você e família meu grande amigo”.
Elisangela Alves
“Como assim esquecerem de falar que a única unha que ele deixava crescer era a do dedão de uma das mãos? E o mistério que cercava em noite de lua cheia por conta de seu cabelo cheio de natureza, que era o pavor das crianças? Que texto maravilhoso! Eu voltei a minha infância agora. Mas que eu li o texto esperando o parágrafo desses contos ahh…eu li”.
Samio Cássio é professor e historiador
REFERÊNCIAS
Fotos acervo pessoal cedido por seu Borges (2018).
https://www.facebook.com/samiocassioda.silvaramos.3/
LE GOFF, Jacques. História e Memória. Editora UNICAMP: 7º edição revista SP, 1924. História-e-Memória.pdf. Acesso 16/08/2023.
Colaborador: Seu Borges (15/08/2023), história e memorias de seu Borges. Entrevistador: Samio Cassio da Silva Ramos. 15/08/2023 1 arquivo. Mp3 (20min e 30 segundos).
Colaborador: diácono da Igreja São José Operário. (02/04/2018), entrevista acerca da primeira gestão do prefeito Hildebrando Nunes Rezende. Entrevistador: Samio Cassio da Silva Ramos. 02/04/2018
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