Após interromper previamente o tratamento de câncer de mama para engravidar, Geovana Desan Ximenes Ageouri vive a vida como mãe de Laís ao mesmo tempo que continua sua luta contra a doença.
Ela ainda precisa passar por oito anos de hormonioterapia e consultas médicas periódicas em Ribeirão Preto (SP), enquanto acompanha o crescimento da filha, que já tem dez meses.
“Eu falo que minha filha Laís é meu grito de vitória”, diz.
Geovana conta que a vontade de ser mãe ficou mais forte depois do casamento, porém, a descoberta de um câncer na mama a obrigou a adiar o sonho.
Quando recebeu o diagnóstico, após realizar um autoexame, Geovana chegou a ouvir de um médico que não precisava se preocupar e não teria de passar por uma cirurgia de imediato.
Mas uma segunda opinião médica e o apoio do marido fizeram com que ela tratasse a doença já nos primeiros indícios.
“Eu falo que se não fosse o segundo o médico me dar o start de tirar [o caroço] e meu marido também me apoiar nisso, teria deixado lá e, talvez, as coisas tivessem até agravado”.
Foram três anos lutando contra a doença até que ela pudesse fazer uma pausa no tratamento para, enfim, engravidar.
O diagnóstico
Foi quando realizava um autoexame que Geovana encontrou um caroço no seio e resolveu buscar a ajuda de um profissional.
O primeiro médico disse que não era nada preocupante, mas Geovana foi atrás de outro profissional que a orientou a tratar a doença o quanto antes.
Para descobrir se era câncer, ela fez uma cirurgia para a biópsia em 2017 e já retirou o caroço. No ano seguinte, em meio aos preparativos do casamento, saiu o resultado e ela descobriu um tumor maligno ainda em estágio inicial.
Geovana começou o tratamento no Instituto Oncológico de Ribeirão Preto (Inorp), referência na área de oncologia. Porém, antes das sessões de quimioterapia e radioterapia, passou por uma cirurgia para a reconstrução das mamas.
Com a possibilidade de não conseguir engravidar futuramente por conta da doença e do tratamento, ela foi orientada por uma médica a congelar os óvulos.
O tratamento
A quimioterapia começou quase ao mesmo tempo que Geovana se casou. Um ano depois, ela passou pela radioterapia como tratamento complementar e, como desejava engravidar, fez preservação do útero e dos ovários, para que não fossem prejudicados.
“A gente diminui a produção de hormônios ali pelo ovário, deixa ele dormente durante o tratamento, para ele não ser tão atingido pela quimioterapia”, explica a médica oncologista, Cristiane Alves Mendes Parizzi.
Depois de mais dois anos de hormonioterapia, Geovana interrompeu o tratamento para poder engravidar.
“Eu fiz essa pausa. Quando deu dez meses, foi quase um ano tentando engravidar, aí foi onde eu consegui”.
A maternidade
Geovana conta que a gestação não teve intercorrências e Laís nasceu com 40 semanas. Depois do nascimento da filha, ela retomou o tratamento com terapia hormonal, que deve ser feito por mais oito anos.
De home office, ela cuida da filha e se cuida também.
“Estou trabalhando e daqui a pouco eu tenho que estar de olho nela também, porque ela está engatinhando, se não ela vai pegar a ração dos cachorros. Tem dia que eu falo ser mãe é desafiador, mas é uma delícia”, diz aos risos.
Atualmente, as consultas médicas são feitas a cada seis meses. Após cinco anos de tratamento, as consultas passarão a ser feitas anualmente.
Perspectiva médica
Cristiane explica que mulheres que desejam engravidar e estão enfrentando um câncer podem tentar após um tratamento inicial, como é o caso de Geovana.
“A paciente fez o diagnóstico e fez o tratamento mais intensivo, com radioterapia, operou. Aí ela entra naquele período com uso de terapia oral, que é o bloqueador hormonal”.
A pausa pode ser feita após 18 meses e geralmente dura em torno de dois anos.
“Existe chances de [o bebê] nascer prematuro por conta da exposição do tratamento prévio. Mas a gente tem visto o índice de sucesso próximo de 80% na gravidez”.
Em casos onde a mulher está grávida e enfrenta um câncer, Cristiane explica, existem quimioterapias que podem ser feitas sem prejudicar o feto, mas o tratamento é muito mais intensivo e as consultas são muito mais frequentes.
Em alguns casos, o tratamento precisa ser interrompido, por isso é necessário o acompanhamento tanto de um oncologista quanto de um ginecologista.
G1
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