‘Quase perdi a vida’: mais de 400 profissionais da educação passam mal após almoço na Bahia

(Foto: Arquivo Pessoal)

Centenas de pessoas, incluindo 110 professores, passaram mal com sintomas de intoxicação alimentar, em Jacobina, no centro-norte baiano, após uma almoço servido durante a Jornada Pedagógica 2023, realizada pela Prefeitura Municipal, na última terça-feira (31). Ao todo, segundo a gestão municipal, 400 pessoas que estiveram no evento precisaram de atendimento médico.

Taciane Ferreira foi uma das professoras que passou mal após a refeição. Ela esteve no evento, realizado no Colégio Gilberto Dias de Miranda, e criticou a forma como a refeição foi servida. “Era mais ou menos antes de meio dia, ficamos numa fila imensa esperando o almoço chegar. O almoço chegou em um carro e depois eles colocaram nas bandeja em cima da mesa. Botaram o macarrão, o arroz, feijão, frango… a gente ia passando, pegava o prato e iam servindo na hora. As pessoas que estavam nos servindo não estavam de touca, luvas e nem máscaras”, comentou em entrevista ao CORREIO.

Ela conta que os professores e convidados passaram o dia inteiro no evento pedagógico, que encerrou por volta das 16 horas. À noite, quando já estava em casa, ela começou a sentir as primeiras dores, similares a cólicas. “Tomei banho, tomei um Buscopan e fui dormir. Aí quando foi mais ou menos umas três horas da manhã que começou o terror. Eu não consegui nem nem pedir socorro ao meu filho, de tanta dor que senti no corpo”, relatou.

A professora acabou se medicando e aguentando as dores até o amanhecer, quando foi procurar a emergência. Na sexta-feira (2), ela acabou internada e foi confirmado o quadro de infecção grave. Taciane buscou atendimento em uma clínica particular, ela preferiu por prever que o hospital municipal estaria sobrecarrego e por ter experiências prévias desagradáveis. A conta do atendimento médico ultrapassou o valor de R$ 1.400. A professora chegou a gastar ainda cerca de R$ 400 em medicamentos.

Em vídeo que circulou nas redes sociais, Taciane é vista agonizando de dor em uma maca do hospital. “Foram noites de terror, uma cólica insuportável, eu gritava. Fiquei o tempo inteiro vomitando e com diarreia, não tinha remédio nenhum que fazia passar. E assim, minha indignação é que em momento nenhum o poder público nos perguntou se a gente está precisando de alguma coisa. Ninguém absolutamente nada”, desabafa.

Em nota, a prefeitura declarou que, ao tomar conhecimento do caso, acionou a Vigilância Sanitária para averiguar se havia algo de errado com a alimentação oferecida no buffet contratado para o evento. Amostras da comida foram enviadas para análise no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), no entanto, até esta segunda (6), a causa da intoxicação não foi identificada. A prefeitura ainda informou que o restaurante foi interditado durante a visita da Vigilância Sanitária.

“Eu quase perdi a minha vida por causa de irresponsabilidade. Não culpo (a prefeitura) por conta da comida estar contaminada, culpo apenas pela falta de humanidade. Se eu estive naquele evento foi porque eu sou profissional da educação e tinha obrigação de estar naquele evento. E comi a comida ofertada achando que eles teriam o cuidado de fiscalizar o restaurante”, destacou Taciane.

A Prefeitura, através das Secretarias de Educação e Saúde, orientou ainda aos profissionais da rede municipal de ensino que participaram da Jornada Pedagógica e apresentaram sintomas gastrointestinais a procurar o Posto de Saúde da Família (PSF), no bairro da Matriz, a partir desta segunda (6), onde há uma equipe de médicos e enfermeiros destinada a atender esses casos.

Início das aulas adiado
Por conta do número de professores afetados, o início das aulas, que começariam nesta segunda-feira (6), precisou ser adiado.

Ainda não há uma data definida, mas a prefeitura acrescentou que o calendário será reformulado e que os 200 dias letivos serão cumpridos. A previsão de início das aulas será divulgada em breve.

EM vídeo publicado nas redes sociais, a secretária de Educação e Cultura Alexsandra Cruz se solidarizou com os profissionais afetados. “Não podemos falar em trabalho enquanto os colegas não estiverem todos recuperados. Estamos muito preocupados com esta situação e monitorando de perto”, comentou, reforçando que a categoria mantenha contato com a pasta e busque ajuda médica, se necessário.

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