A Polícia Civil investiga uma troca de corpos no necrotério do Hospital Aristides Maltez (HAM), em Salvador, depois que uma família quase enterrou uma mulher desconhecida como se fosse parente. O caso foi registrado na delegacia de Simões Filho, na região metropolitana.
A história teve início no velório da diarista Suelene Araújo Oliveira, 49 anos. Ela faleceu na última quinta-feira (3), dois meses depois de descobrir um câncer em estágio avançado. A doença começou no fígado, mas evoluiu até ser configurada a metástase.
Após o falecimento, um corpo que seria de Suelene foi liberado no necretório do HAM. O reconhecimento do cadáver foi feito pela ex-cunhada da diarista, Jaqueline Silva, que estranhou o inchaço no corpo e não encontrou semelhança com o da diarista.
De acordo com Jaqueline, um funcionário da funerária chegou a dizer que a diferença física poderia ter sido causada por deformações associadas ao excesso de líquido e medicações.
“Eu estava muito abalada, mas deveria ter prestado mais atenção e olhado. Não achei ajuda do funcionário do próprio hospital”, denuncia a ex-cunhada.
O corpo trocado foi encaminhado para Simões Filho, cidade a cerca de 28 quilômetros de distância, onde foi organizado o sepultamento.
Amiga buscou cicatriz no corpo
A família velou o corpo da mulher desconhecida durante toda a madrugada de quinta (3) até a manhã da sexta (4). Desconfiada, uma amiga que conhecia a diarista há mais de 30 anos decidiu retirar as flores que cobriam o corpo e verificar cicatrizes (uma na barriga e duas marcas de cesarianas).
“Quando procurei a marca da cirurgia, não estava. Procurei a marca da cesárea e também não estava”, comentou Cristina Mendes, a amiga que ajudou a desvendar a situação.
Quando as cicatrizes não foram encontradas, as pessoas tiveram a confirmação da troca de corpos e começou a mobilização de parentes e amigos. Um boletim de ocorrência foi registrado na delegacia, parentes foram para o hospital em Salvador e denunciaram o caso.
De acordo com familiares, o corpo de Suelene foi enviado para Biritinga, cidade que fica a mais de 170 quilômetros de Simões Filho.
A vice-diretora técnica do HAM, Delvone Almeida, disse que a unidade de saúde reconhece que a situação trouxe sofrimento às famílias e que o caso será apurado. Ela assinala que não houve troca de declaração de óbito e nem de identificação do óbito, e sim, que aconteceu uma troca no reconhecimento do óbito.
“É difícil perder pessoas precocemente com o câncer, que traz tantos transtornos e sofrimento. Reconhecemos que isso foi um imperativo de sofrimento para todos eles, mas estamos solidários e vamos apurar”, comentou.
O HAM é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos e especializada no tratamento do câncer na Bahia. Em nota, a instituição afirmou que, em caso de prejuízos financeiros, as duas famílias terão apoio da instituição.
Sobre a falta de ajuda do funcionário no reconhecimento do corpo no necrotério, a instituição afirmou que um profissional acompanhou parentes da vítima durante o procedimento.
A previsão é de que ainda neste sábado as duas famílias estejam com os corpos corretos. Não há informações sobre a família ou identidade da outra mulher que teve o corpo trocado com o da diarista.(g1)
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