Praticamente todo mundo conhece alguém que já sofreu um golpe virtual. Se não conhece, talvez tenha sido a própria vítima. O fenômeno tem crescido tanto no Brasil que, em 2022, os bancos estimam que o prejuízo desses golpes alcance os R$ 2,5 bilhões. Até junho deste ano, as fraudes bancárias chegaram a R$ 1,7 bilhões e, desse montante, R$ 900 milhões referiam-se a golpes via Pix.
O especialista em direito digital, Alisson Souza, analisa que o Pix criou um fluxo de transações acima da capacidade que os bancos possuem de acompanhá-las.
Souza acrescenta que antes, com as transferências via Doc ou Ted, as transações demoravam mais tempo para serem processadas. “Isso dava tempo da pessoa confirmar, mandar comprovante, etc. O dinheiro ficava retido na agência até ser confirmada a transação bancária”, explica.
Essa instantaneidade tem sido uma aliada para bandidos. Nas redes sociais, viralizam relatos de pessoas que tiveram o celular roubado e, com acesso aos aplicativos de banco, os criminosos zeraram contas e até realizaram empréstimos.
Em uma das threads – espécie de sequência de postagens feita no Twitter – mais famosas sobre invasão de conta bancária, o usuário Bruno de Paula, viu mais de R$ 143 mil ser gasto em seu nome, em meio a empréstimos, pagamentos de boletos pelo Banco do Brasil e Nubank, e até pedidos de bebida no iFood.
Depois de seu relato alcançar mais de 154,9 mil curtidas, Bruno conseguiu o estorno dos valores roubados. Mas para quem não tem o mesmo alcance, o final nem sempre é feliz.
Invasão de contas
Com relação à invasão de contas bancárias após roubos de celulares, os bancos digitais despontam nas reclamações online, segundo o site Reclame Aqui. Com 299 reclamações no primeiro semestre de 2022, o Nubank aparece no topo da lista, seguido por Mercado Pago e PicPay.
Procurado pelo Jornal da Metropole, o Nubank disse que o ranking do Reclame Aqui não leva em conta o número total de clientes ativos. A fintech disse ainda que o Nubank seria a empresa com menos reclamações junto ao Banco Central, regulador das instituições financeiras no Brasil.
Quando perguntada, porém, sobre quais eram os mecanismos de segurança que o Nubank oferece aos clientes, a empresa encaminhou um link para o blog da fintech, com dicas de segurança aos usuários.
Para Souza, existe uma forma muito mais simples de se solucionar as fraudes: através de uma boa comunicação com os clientes. “O banco não pode se eximir da responsabilidade. Precisa prestar todo suporte e ajuda. Se for possível reter, ou informar a outra instituição financeira para fazer o bloqueio cautelar da transferência”, afirma.
O advogado reitera que o consumidor que sofrer uma tentativa de golpe precisa acionar o seu banco e o Banco Central primeiro para que, caso necessário, possa se entrar com uma ação na Justiça com provas de que houve descaso pela instituição.
Veja mais notícias no Ipiaú Online e siga o Blog no Google Notícias