‘Se continuar desse jeito, vai ter apagão na Bahia’, diz especialista em energia

Usina Hidrelétrica de Sobradinho (Foto: Acervo CBHSF/TantoExpresso)

Foi muita coisa de uma vez só. Primeiro, por causa do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou uma bandeira tarifária 50% mais cara. Depois, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, foi para a TV apelar por um “esforço de redução de consumo” de luz elétrica. E, se a crise continuar como está, especialistas afirmam que não estaremos livres de um apagão.

‘Se continuar desse jeito, vai ter apagão na Bahia’, diz o professor Leandro Carralero, especialista e coordenador do programa de Pós-Graduação em Energias Renováveis da Unijorge. Embora a situação dos reservatórios hídricos no estado não seja preocupante, ele acredita que a Bahia pode sofrer impactos da crise vivida principalmente no centro-sul do país em razão da escassez de chuvas.

“A Bahia está dentro de um sistema nacional. A energia gerada aqui vai para outros estados também e, com certeza, a crise afeta a todos, independente de como estejam seus reservatórios”, explica Carralero.

“Minha aposta é que, daqui para o Verão, eles vão tentar fazer apagões estratégicos por período de tempo. Por exemplo, fica três horas sem energia em um lugar, depois mais três horas em outro. Não será tudo de uma vez só ou inesperado como foi em 2001 e sim uma ação estratégica”, argumenta.

Fantasma do passado volta a assombrar
Esse apagão de 2001 relembrado pelo professor foi um período em que o governo federal teve que realizar blecautes programados e estratégicos, com o objetivo de evitar o colapso do sistema elétrico brasileiro, também afetado por uma seca, na época. Passados 20 anos, o mesmo fantasma volta a assustar os brasileiros. Para Eduardo Souza, economista, mestre em bioenergia e professor da Rede UniFTC, o país não aprendeu com seus erros.

“Se vivemos hoje numa crise energética é porque não pensamos na energia do futuro. Não tem um culpado único disso. O culpado é a falta de incentivo na diversidade da matriz energética. Somos dependes das usinas hidrelétricas”, lamenta. O especialista também acredita que o estado corre o risco de sofrer apagões no decorrer dos meses, caso a situação não se torne favorável.

“Nessa época do ano, os reservatórios da Bahia eram para estar com mais de 80% e nós estamos na casa dos 40%. No Sudeste, a situação é bastante pior e nós já cedemos energia para eles. Se continuar nesse ritmo, tem que ter uma decisão estratégica. Por o regulador ser nacional, pode ser sim que tenhamos que entrar num racionamento, o que é muito ruim para a economia”, relata.

A barragem de Sobradinho, por exemplo, iniciou a semana passada com 48,5% de volume. Por conta da crise hídrica, foi determinado o aumento da vazão de 1 mil para 1,3 mil metros cúbicos por segundo. Essa ação visa otimizar a operação do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Correio


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