O diretor-executivo do laboratório britânico AstraZeneca, Pascal Soriot, afirmou nesta quinta-feira (26) que é necessário fazer mais estudos sobre a vacina contra a Covid-19 desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido. Segundo a Folha de São Paulo, a análise seria necessária por causa dos questionamentos sobre a proteção que ela pode oferecer contra o coronavírus.
“Agora que chegamos ao que parece ser uma maior eficácia, temos que validar isso, por isso precisamos de um estudo adicional”, disse Soriot em entrevista à agência Bloomberg. O laboratório britânico e a Universidade de Oxford anunciaram na última segunda-feira (23) que a vacina apresenta uma eficácia média de até 90%, segundo resultados dos ensaios clínicos feitos no Reino Unido e no Brasil
Mas há diferenças entre os dados. Um grupo menor, que recebeu primeiro meia dose e um mês depois uma dose completa, apresentou uma eficácia de 90%. Já um segundo grupo muito maior, que recebeu duas doses da vacina com um mês de diferença, mostrou uma eficácia de 62%.
Andrew Pollard, cientista da Universidade de Oxford, explicou que a diferença pode ser explicada porque “ao dar uma primeira dose menor, estamos preparando o sistema imunológico de um modo diferente, estamos preparando-o melhor para responder”.
Os cientistas reconheceram que a quantidade menor administrada inicialmente ao primeiro grupo partiu de um erro na dose que os pesquisadores decidiram aproveitar depois. E além de ser muito menor, esse grupo testado tinha um limite máximo de idade de 55 anos, fora da idade considerada grupo de risco para o vírus.
NÃO DEVE ATRASAR A APROVAÇÃO
Para confirmar os resultados, provavelmente será realizado um outro “estudo internacional”, afirmou Soriot. “Mas pode ser mais rápido porque sabemos que a eficácia é alta e precisamos de um número menor de pacientes”, acrescentou. Ela destacou que a pesquisa adicional não deve atrasar a aprovação da vacina pelas agências reguladoras de saúde.
Ainda de acordo com a Folha, as outras duas vacinas em estágio muito avançado, desenvolvidas pelos laboratórios americanos Pfizer e Moderna, mostraram eficácia superior a 90% em ensaios clínicos.
No entanto, o projeto da AstraZeneca tem a vantagem de usar uma tecnologia tradicional que o torna muito mais barato: custaria US$ 4 a dose contra um valor maior do que US$ 25 das outras. O laboratório também se comprometeu a distribuí-la a preço de custo para os países mais pobres.
A vacina britânica também tem a vantagem de poder ser mantida pelo menos seis meses refrigerada entre 2ºC e 8ºC, o que facilita a distribuição para todo o mundo, em comparação com a da Pfizer, que deve ser mantida a -70ºC em ultracongeladores.
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