Tenho um amigo empresário, bem sucedido no plano pessoal, familiar e econômico, original de Brejões-BA, que ao ser apresentado a algum novato no grupo, ele sempre questiona firmemente, sem titubear: – Você sabe quem é seu pai?
Pergunta um tanto estranha, intimista e aparentemente desconcertante. Mas, que abre um canal direto e oportuno com o objetivo da revelação e exploração da origem, valores e história do noviço candango.
A pergunta que de primeira fazemos aos candidatos, é a seguinte:
Você sabe em que momento da história e ciclo econômico de Ipiaú, estamos?
Esta pergunta parecer ter uma resposta um tanto óbvia. Mas, será mesmo que todos os candidatos sabem do nosso passado, presente e tem uma ideia coerente do nosso provável futuro?
Sr.(a) candidato(a), posso perguntar?
Tem certeza do que diz?
No que está se apoiando para fazer tais promessas?
Há sustentabilidade nas suas propostas?
Pode nos explicar de forma clara, mensurada e lógica quais sejam?
De onde você tirou essa ideia?
Como bem sabemos, Ipiaú é fruto do empreendedorismo de necessidade, de bravos guerreiros Empreendedores da Mata Adentro, que se lançaram de cabeça num projeto “maluco” a desbravar a Mata Atlântica para plantar cacau voltado a exportação, no início do século passado…
Empreendedores estes, também conhecidos como Macaqueiros (muito bem relatados por Euclides Neto). Macaqueiros – numa época e condição, em que se quer tinham dinheiro ou o que comer e portanto, para sobreviverem e avançarem (contam os mais antigo) que abatiam macacos selvagens para comer e continuarem a empreitada duvidosa, na formação das primeiras lavouras de cacau. Lembrando que normalmente, uma lavoura de cacau torna-se viável a partir do 5º ano de idade.
Para um bom entendedor, meia palavra basta. No gráfico abaixo, podemos perceber que o Pará começou a plantar seu cacau somente na década de 70. E a produção de cacau por aquelas bandas, só cresce; enquanto a nossa, caiu vertiginosamente a partir de 1987.
Ora… mas não teria sido a Ceplac a grande traidora endógena, ao disseminar o vírus de laboratório, a Vassoura de Bruxa, na nossa região, depois da derrubada da cobrança da taxa dos 10% sobre o cacau exportado, e, com a consequente federalização da instituição… como chegaram a “denunciar” os apostadores financeiros prejudicados?
Em verdade, o efeito devastador da pandemia da Vassoura de Bruxa, na região Sul da Bahia, começou para valer a partir de 1990. Ueeeé, 1990? Mas, o gráfico abaixo registra uma atroz queda da nossa produção, sul baiana, já em 1987!
O que ocorreu nesta época, que nos levou a bater com a cara na parede, brutalmente, com o pseudo “desmaio”? Ou estávamos nos fingindo de mortos?
Como já temos pleiteado aqui, pedido de revisão história (entendendo que história oficial, é aquela contada pelos vencedores), que o fim da Conta Movimento que o Banco do Brasil tinha, no Banco Central, até 1986, espécie de saco sem fundo, mágico-financeiro, que permitia que o BB desse crédito sem limites… Lembrar que estávamos num período da hiperinflação, foi quando caímos em tentação, e malandramente “comemos a maçã da Eva”, ao substituir a produção real do cacau, pelo overnight (ciranda financeira dos anos 80 e 90) além de carrear a “riqueza” para fora da economia local, ao esbanjar na capital, e, até no exterior a concentrada “renda”, ao invés de investi-la localmente, no tecido social local, com: Educação, Saúde e Segurança… Do nosso povo, processos, fazendas e empresas; ou seja, na Economia Real local…
Em agosto de 2020, o montante da Eterna Dívida “Agrícola” dos cacauicultores ipiauenses, já ultrapassou os R$ 25 milhões, 86% desta, ainda estão com o Banco do Brasil, que não pensa, por tão cedo, em incorporar tal prejuízo ao seu balanço contábil, preferindo a sobrevida dos devedores-flanelinhas (guardadores da propriedade alheia) os quais têm vivido dum passado lúdico. Estes, ainda continuam na rede de balanço, nutrindo a malandra tese do perdão da dívida, falsa “condição sine qua nom”, apoiados na fala daquele deputado correligionário, cujo pai, também é mais uma auto “vítima” da mesma arapuca armada.
A grosso modo, hoje Ipiaú continua sendo uma economia rebocada, aposentada, dependente da renda e dos recursos estatais vindos de governos entes-acima, federal e estadual. Fundamentalmente, do governo federal. No público e no privado. Nem parece estarmos na região da zona da mata.
Lamentavelmente, ao passar dos anos, a fila dos aposentados, só cresce! Seja via rentismo financeiro, INSS, Bolsa Família, Bolsa Covid, BPC… Já de olho no tão esperado Renda Brasil.
Sem produção local… podem despejar caminhões de dinheiro, que continuaremos patinando neste atoleiro tipo areia movediça. O dinheiro que aqui aterrissa, bate e volta, dado a falta generalizada da produção local, capaz da multiplicação dos “peixes”.
Enquanto isso, haja paciência ao ouvir diariamente reclamações de ouvintes, mandando ZAP para a rádio, pedindo para a prefeitura arrumar o sinal da TV, quando não, aquele tradicional apelo “empresarial” em pedido desesperador do perdão da dívida “agrícola” dos cacauicultores, com a desculpa-pilha de voltarmos a crescer. Projeto de crescimento, batizado por mestre Nelito, de rabo de cavalo: – Quanto mais cresce, mais perto do chão fica.
Fonte: Portal da Transparência do Governo Federal
Fonte: Dados Abertos – INSS Governo Federal
As perguntas que deixamos aos candidatos, são:
1) Você sabe quais, quanto, qual o peso, sua respectiva efetividade, de onde vêm e para onde vão os recursos do orçamento público municipal?
2) Você sabe quantos por cento dos recursos da arrecadação municipal própria, são consumidos somente com a Câmara e com a máquina pública, municipais?
3) Qual sua posição sobre a implantação dum Polo Fruticultor em Ipiaú?
4) Qual sua posição sobre a implantação dum Centro de Abastecimento capaz de pegar de volta o nicho de mercado microrregional, de Hortifrutigranjeiro, encampado e dominado por Jaguaquara?
5) Qual a sua estratégia para a recuperação da nossa Lavoura Cacaueira? Qual a fonte dos recursos, que estratégia mercadológica se pretende explorar sustentavelmente, com esse tipo de produto e renda?
6) Qual sua visão sobre a implantação dos Arcos Rodoviários de Ipiaú (BA-650 e BR-330). Há correlação destas importantes obras, com o Desenvolvimento Econômico Local da nossa cidade, em um novo ciclo de desenvolvimento?
7) Qual sua visão a respeito da postura dos grandes bancos nacionais, estarem capturando a nossa poupança (hoje cerca de R$ 200 milhões) a não conceder crédito, ou praticar de forma discriminatória e infértil (quanto mais pobre, mais alta a taxa de juros), comum na nossa economia financeira?
8) Você sabe do que se trata e teria coragem de propor a implantação duma Moeda Social Local, capaz do escape das garras financistas do Sistema Bancário Nacional, criar as condições sustentáveis ao dar crédito aos micro produtores locais escanteados?
9) Você sabe quanto custa anualmente, aos cofres públicos, a Ceplac (que tem altos salários e baixíssimo investimento) e qual a sua efetividade na extensão agrícola no município de Ipiaú?
10) Você sabe quanto pesa anualmente, aos cofres públicos municipal, somente a Folha de Pagamento dos profissionais da “Educação” e qual o desempenho das crianças no IDEB?
11) Qual a sua estratégia para lidar com a avalanche de vereadores novatos, que provavelmente serão eleitos (impacto das novas regras eleitorais e enfraquecimento dos partidos/caciques), com promessas populistas, insustentáveis, impostas ao executivo?
12) Ciente das irregularidades e falta de um Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) na contratação da Concessão do Saneamento Básico de Ipiaú, o que você faria para trazer pesados investimentos nesta importante área?
13) Você vai se fingir de morto(a) ao surgirem novos loteamentos clandestinos sem infraestrutura legal obrigatória (lei do parcelamento do solo 6.766/79)?
14) Você sabe qual o real impacto no Desenvolvimento Econômico Territorial Local, com a criação duma Secretaria Municipal de Planejamento Estratégico, com pessoas honestas e competentes?
15) Você conhece a fundo o ordenamento jurídico dum município, perante o Pacto Federativo Fiscal e o Sistema Tributário brasileiro?
16) Você conhece a fundo a Constituição Federal, a Constituição Estadual, a Lei Orgânica do Município, a LOA/LDO e PPA, o Plano Diretor Urbanístico, o Código de Obras, o Código de Postura do Município, o Código Tributário Nacional, o Regimento Interno da Câmara Municipal de Ipiaú?
17) Você sabe quais os direitos dos municípios quanto a arrecadação do ISS-QN (Emenda Constitucional 157) dos Planos de Saúde, Contratos de Leasing e Operadoras de Cartões de débito e crédito?
18) Sendo o comércio/serviço de Ipiaú o maior fator de multiplicação da renda local e o maior gerador de empregos em nossa cidade, o que você fará para dinamizar este importante setor?
19) Você conhece o projeto Agenda 2033 do Ipiaú Online? Quer participar? Qual a sua visão do Desenvolvimento Econômico Local?
20) Você sabe quem é seu pai?
Em tempos apocalípticos, econômicos e políticos, sugerimos aos mais astutos, assistirem aos vídeos abaixo, como reflexão e aprendizado, complementares à leitura.
Série de textos clássicos do IOL, não recomendado para os fracos, sabichões e godelas.
Para ver este e outros artigos desse mesmo naipe, abra no site, na aba AGENDA 2033 e leia e releia (a qualquer tempo) vários outros artigos que tratam do nosso desenvolvimento local microrregional.
Signatário Elson Andrade – arquiteto, urbanista, empresário e pós graduando do Instituto de Economia da Unicamp.
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