105 bois são sacrificados em Brumado após grupo falsificar guias de transporte

A Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB) levou, nesta quinta-feira (1º), para o matadouro frigorífico da cidade de Brumado, na região sudoeste do estado, 105 bois que foram sacrificados por possuírem Guias de Trânsito Animal (GTA) falsificados. O documento é necessário para comprovar que o rebanho está livre de doenças evitando a disseminação de enfermidades.

Os animais foram encaminhados para o matadouro após o Núcleo de Inteligência da ADAB flagrar cinco caminhões carregados de gado na área rural de Tanhaçu, também na região sudoeste. Três veículos foram interceptados pela fiscalização que comprovou que os guias eram todos falsos. Outros dois veículos conseguiram fugir da ação que tem a intenção de identificar e punir os envolvidos nos esquema que atua em diversas regiões do estado.

Para chegar aos suspeitos da fraude, agentes cruzaram dados de geração das guias com a circulação clandestina dos bovinos e seguiram para averiguação em uma fazenda no distrito de Sussuarana. No trajeto, encontraram os caminhões e efetuaram o flagrante.

“Como não ficou comprovada a origem do gado, na manhã desta quinta, 105 bovinos foram levados ao abate no matadouro frigorífico de Brumado, protocolo sanitário adotado como forma de evitar a introdução e disseminação de diversas doenças em território baiano”, informa a agência.

Ainda segundo a ADAB, dois outros caminhões carregados de gado continuam em Brumado, até que seja apurada a veracidade das informações em relação à propriedade dos animais. Caso as guias também sejam falsos, os 70 bovinos, com idade em torno de 12 meses, serão sacrificados.

“Os fatos nos levam a crer que se trata de uma quadrilha especializada para circular com guias falsificadas ou sem as GTAs, que se constituem em documento indispensável para sabermos dados sobre origem, vacinação e sanidade dos animais Sem isso, a sanidade de nossos rebanhos estará em risco”, diz o diretor-geral da ADAB, Maurício Bacelar.

Um produtor rural da região gravou e compartilhou nas redes sociais um vídeo em tom indignação com o procedimento da agência. Nas imagens é possível ver os animais juntos em um corredor.

“Em Brumado, um veterinário quer abater 150 bezerrinhas porque estão sem guias. Já deu a ordem para abater só porque estão sem as GTAs, não sei o por qual motivo o dono não tirou, sei que o veterinário autorizou abater as bezerrinhas. Nosso país está precisando de matrizes para produzir, mas o produtor está tendo esse valor”, diz o produtor.

Prejuízo para o esquema ilegal

A equipe de fiscalização tem rastreado a circulação de animais em movimentações suspeitas entre os municípios do oeste com a divisa de Goiás e Tocantins com cidades do Território do Sertão Produtivo, e também na divisa com Minas Gerais.

As ações incluem a vigilância em propriedades que participam de esquemas ilícitos de geração de estoque fictício de gado (boi de papel), e também em propriedades que recebem esse gado acompanhado com as GTAs frias, ou seja, animais de origem desconhecida.

Os envolvidos no comércio de gado clandestino na Bahia tiveram, somente esta semana, segundo a agência, um prejuízo estimado em R$ 260 mil com o abate dos bovinos e o valor poderá ultrapassar R$ 400 mil, caso os outros 70 animais sejam sacrificados.

“Apuramos incompatibilidade entre rota percorrida e a suposta propriedade de origem informada na GTA e também no local de emissão da guia, o que levou a equipe de inteligência a suspeitar da fraude. Em seguida, confirmamos que o gado, de fato, não havia saído da propriedade informada na GTA e que o cadastro localizada em Jaborandi, havia sido utilizado por terceiros, sem conhecimento do proprietário. Em alguns casos, é identificado o envolvimento de servidores dos escritórios da ADAB nos esquemas fraudulentos, levando ao seu afastamento imediato das funções e instauração de Processo Administrativo Disciplinar. Durante a operação desta semana, um servidor cedido por uma prefeitura da região foi afastado até a conclusão das apurações”, relata o coordenador do Núcleo de Suporte ao Cadastro Pecuário da agência, Antônio Maia.

As investigações vão continuar para identificar possíveis novas ramificações do crime. “Esse flagrante nos motiva a prosseguir com a operação de inteligência no combate à contravenção e desarticulação do modus operandi de grupos bem organizados, que inclui também auditoria em alguns de nossos escritórios. Certamente todos os envolvidos serão penalizados, podendo responder por crime de estelionato e formação de quadrilha”, ressalta Maurício Bacelar.


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